Diversão

22 milhões assumem consumir pornografia no país, diz pesquisa



No Brasil, há 22 milhões de pessoas que assumem consumir pornografia – 76% são homens e 24% são mulheres. A maior parte é jovem (58% têm menos de 35 anos), de classe média alta (49% pertecem à classe B) e está em um relacionamento sério (69% são casados ou estão namorando). Além disso, 49% do público concluiu o ensino médio e 40% tem curso superior.

Os dados estão em um material produzido pelo Quantas Pesquisas e Estudos de Mercado a pedido do canal a cabo Sexy Hot para traçar um perfil de quem consome pornografia no país.

O G1 teve acesso, em primeira mão, à íntegra dos resultados.

Foram feitas 1.130 entrevistas por telefone e em pontos de fluxo de consumidores de conteúdo com sexo explícito em cinco regiões metropolitanas: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador e Curitiba. Participaram homens e mulheres das classes A, B e C, todos com 18 anos ou mais.

A pesquisa foi feita entre janeiro de 2016 e julho de 2017, mas as conclusões começaram a ser colocadas em prática recentemente pelo Sexy Hot.

“Usamos isso internamente e fomos aprofundando. Em abril, estreamos o selo Sexy Hot Produções. E, agora em maio, reformulamos a grade”, afirmou ao G1 Cinthia Fajardo, gerente de marketing da Playboy do Brasil, grupo que controla os canais Sexy Hot, Playboy TV, Venus e Sextreme.

“A pesquisa ajudou a gente também na hora de seleção de roteiros e orientar as produtoras [que fazem filmes para exibição no canal].”

Já a diretora de pesquisa da Quantas, Karla Mendes, diz desconhecer estudo semelhante já feito no país:

“Normalmente, as pesquisas são com usuários de sites ou serviços. Desta vez, falamos de fato com os consumidores, tanto na rua quanto em questionários on-line. E, em alguns casos, com profissionais do sexo aplicando o questionário em clientes”.

Karla cita ainda entrevistas feitas em motéis e via WhatsApp, por exemplo:

“Fizemos um trabalho qualitativo anterior, superprofundo, bem construído, que abordou pessoas de várias maneiras. Ouviu-se amplamente a população para se construir um arcabouço conceitual. A partir disso, foi feita a pesquisa.”

Também houve participação de quatro especialistas (antropólogo, psicanalista, especialista em história do corpo e produtor) e foram criados grupos de discussão.

5 Perfis dos consumidores

A pesquisa nas cinco regiões metropolitanas dividiu os consumidores de pornô em cinco perfis comportamentais. Veja abaixo:

‘Status porn’

Quanto representa: 25% do público.

Gosta do quê: conteúdo bem produzido, “diferenciado” e atual.

Característica: vaidoso, gosta de mostrar que entende de pornografia. Para este consumidor, o pornô é “cool”. É aquele que “gosta de ser uma referência no tema, tanto por vaidade como também para explorar ao máximo seu conhecimento a seu favor, entre quatro paredes”, diz o estudo.

Onde assiste: TV e computador.

Sozinho ou acompanhado? Assiste sozinho, para se manter atualizado, e acompanhado, para exibir seu conhecimento.

Divisão por gênero: 83% de homens e 17% de mulheres.

‘Narciso das telas’

Quanto representa: 20% do público.

Quer o quê: pornografia de qualidade. De acordo com a pesquisa, trata-se do consumidor que “tem repertório”, portanto conhece nomes de diretores, atores, produtores, filmes, está atento as novidades e produz suas próprias coletâneas de “melhores momentos”.

Característica: o estudo define o “narciso das telas” como “eclético e libertário”. Na prática, é alguém que “vive a pornografia de maneira natural”, por isso sabe onde e o que encontrar em termos de conteúdo. Trata-se de um “heavy user disseminador do pornô”, ou seja, é uma fonte de informação para amigos.

Onde assiste: computador e celular.

Sozinho ou acompanhado? Na hora de ver sexo explícito, tanto faz se está sozinho, acompanhado ou entre amigos.

Divisão por gênero: 76% de homens e 24% de mulheres.

‘Fast porn’

Quanto representa: 22% do público.

Quer o quê: animar a rotina. A pesquisa aponta que essa fatia do público usa “o conteúdo pornográfico para rir, socializar, sentir tesão e se aliviar”.

Característica: é o consumidor prático – para ele, qualidade é sinônimo de quantidade e acesso. “Pornografia boa é pornografia à mão, na hora em que ele quer e precisa”, resume o estudo.

Onde assiste: TV e celular (com destaque para este último).

Sozinho ou acompanhado? Habitualmente, sozinho.

Divisão por gênero: 68% de homens e 32% de mulheres.

‘Pornograficamente correto’

Quanto representa: 17% do público.

Quer o quê: pornografria com filtro e em ambiente seguro. O objetivo é encontrar inspiração para sair da rotina, já que a pornografia é tratada como “um complemento importante do sexo”. O que seduz aqui são cenas e ângulos de qualidade.

Característica: é discreto e vê a pornografia “para além do ato sexual”. Tem forte presença feminina.

Onde assiste: TV (que aqui tem preferência sobre a internet)

Sozinho ou acompanhado? Acompanhado (“para se excitar e apimentar a relação”).

Divisão por gênero: 57% de homens e 43% de mulheres.

‘Ocasional’

Quanto representa: 16% do público.

Quer o quê: algo esporádico. Segundo o estudo, trata-se daquele “que assiste o que está facilmente disponível em uma frequência ocasional, como já diz o nome”.

Característica: ao contrário de todos os demais, não tem relação próxima com pornografia, não se programa para assistir e não busca por conteúdo específico. Ainda assim, é considerado consumidor, já que é capaz de citar como chegar a este tipo de produção.

Onde assiste: internet e TV.

Sozinho ou acompanhado? Sem informação

Divisão por gênero: 78% de homens e 22% de mulheres (é o mais “masculino” dos perfis)

Por que o público consome pornô?

A partir da resposta dos entrevistados na pesquisa, a conclusão foi que a pornografia é uma “pílula de estímulo” e “dá vazão a fantasias, desejos, frustrações e permite viver o prazer livre que hoje se concretiza em imagens”.

Mas qual a finalidade, então?

Os principais “motivadores” listados são:

ver e aprender situações/posições;

sentir prazer livre e individual;

proporcionar a criação compartilhada;

válvula de escapa em casos de desilusão, solidão ou carência.

Além disso, foram elencados os principais fatores que levam os consumidores a se engajar em determinado conteúdo pornô. Veja abaixo:

sexo explícito higiênico e bem cuidado

a internet facilita e oferece tudo

pessoas (ou atores e atrizes) que pareçam reais

conteúdo de graça na internet

só vídeo com sexo héterossexual

qualidade técnica das imagens

pessoas bonitas, mas que pareçam reais

Mulheres consumidoras

A diretora da Quantas, Karla Mendes, destaca uma das conclusões da pesquisa – a participação das mulheres no mercado consumidor de filmes pornográficos:

“As mulheres consomem não com a mesma frequência e intensidade que os homens. Mas o estudo mostra que elas veem a pornografia como algo mais funcional, para apimentar, aquecer, inspirar uma preliminar legal, aprender coisas. De ativar o casal. E um consumo muito de casal”.

Outro ponto que merece atenção: o consumidor preferir assistir a pessoas que pareçam reais:

“As pessoas querem um sexo de qualidade real em que se vejam naquela cena. Que não seja uma coisa com cara de artificial”.

Perfil brasileiro

Cinthia Fajardo, a diretora de marketing da Playboy do Brasil, afirma que muito desse estímulo visual e auditivo depende do idioma e do perfil dos atores:

“As pessoas se identificam com o português [falado pelos atores], com a visão de um estereótipo do pefil brasileiro, do corpo, estilo. E com a cenografia. Ou seja, os conteúdos nacionais geram mais identificação.”

Como contraexemplo, ela menciona produções internacionais “até muito bonitas” mas em ambientações bastante diferentes do que se vê no Brasil, como castelos medievais etc.

“Isso não gera identificação. O público quer histórias mais contemporâneas e situações do cotidiano daqui.”

‘Pornô sem tabu’

Cinthia também comenta que o estigma sobre a pornografia mudou nos últimos anos.

“O tema vai fazendo cada vez mais parte do cotidiano das pessoas, muita gente falando sem tabu. O perfil de ‘status porn’, que conversa sobre isso na mesa de bar, que gosta de mostrar que sabe e entende do assunto, é interessante, porque mostra evolução. As pessoas estão mais abertas a falar sobre o tema, sem vergonha. Isso é bom.”

Para Karla Mendes, coordenadora da pesquisa, “tanto homens quanto mulheres estão falando de pornografia de maneira igual”.

“Para os consumidores, a pornografia está introjetada, é como se fosse uma coisa do dia a dia. Por isso, as pessoas querem a coisa do sexo real [quando assistem].”

G1



Redação

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