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Em 2018, pare de fazer conteúdo sobre a sua marca



Ricardo OLiveira

Parece brincadeira de click bait, mas não é. A verdade é que ninguém nunca ligou para o “conteúdo” da sua marca. Ninguém está nem aí para o post que diz como seu serviço é bom. Ninguém liga para o fato de que você alcançou mil seguidores ou está lançando um novo produto. É pesado, eu sei. Mas não é difícil de entender.

Você e eu não gostamos nada quando alguém novo chega na roda de amigos e esse alguém só fala de si mesmo. Fiz isso, faço aquilo, sou o bonzão. Tédio.

A questão é que se marcas disputam atenção nas timelines da vida, a noção de concorrência de mercado se dilui totalmente. Seu principal concorrente pode ser a blogueirinha curtindo a praia, o stories direto de um show barulhento, o meme do dia ou, até mesmo, seu principal concorrente – postando algo que realmente interessa à vida do seu público-alvo.

Siga o mestre

No livro “Building a Storybrand”, de Donald Miller (2017 – HarperCollins Leadership), o autor joga bem na nossa cara logo no começo essa verdade importante: as marcas precisam aprender que não são os heróis da história e devem parar, urgentemente, de falar tanto de si. Explico.

Miller é um autor fascinado por narrativas. Ele passou anos dissecando a estrutura básica de roteiros a partir do pensamento de autores como Robert McKee e Syd Field. A ideia era entender porque filmes e livros fascinam tanto as pessoas. Ecoando com a clássica Jornada do Herói, Miller percebeu que na estrutura das histórias que contamos há uma equivalência com a jornada do consumidor.

Na jornada do protagonista de uma história, ele sempre se depara com um problema e ao tentar resolvê-lo, encontra um guia que entrega um plano (por conhecer o problema), incentivando à ação, que resulta em um final feliz.

Se essa fosse uma jornada de consumo, onde você acha que sua marca estaria?

Talvez relembrar algumas histórias clássicas ajude: Yoda ensina Luke a usar a Força e derrotar o Império. Gandalf ensina a Frodo sobre o Um Anel e seu chamado para destruí-lo. Morpheu abre os olhos de Neo sobre a Matrix e explica que provavelmente ele é O Escolhido.

Sua marca é o guia e não o herói. Por isso seu conteúdo não pode falar de si e sim do que você tem para que seu herói atinja seu grande objetivo.

Pode ser consertar a pia. Comer pizza. Aprender inglês. Comprar um notebook.

Seu novo serviço/produto não deve ser um conteúdo até que você descubra como deixar perfeitamente claro em que exatamente ele muda a vida do seu cliente. Como ele o ajuda. Criativamente, com todos os recursos possíveis para um excelente conteúdo digital.

A partir daí você vai entender que a Apple não vende Macbooks. Ela vende notebooks que fazem seus consumidores (designers, fotógrafos, escritores) produzir mais e melhor. A Sadia não vende perus de natal. Ela conecta pessoas à mesa. Vide o excelente comercial veiculado recentemente.

Encontrar esse ponto de vista não é tarefa fácil para uma marca. Mas é possível para qualquer uma delas. Exige alinhamento entre posicionamento, objetivos, metas, mas essencialmente, com aquilo que o seu público realmente quer. E ele provavelmente não quer só o seu conteúdo legal no Facebook.

Ricardo Oliveira

Empresário, professor e palestrante. É autor do método Canvas de Conteúdo, uma ferramenta gratuita para planejamento que acelera e simplifica a gestão de conteúdos. É professor de pós-graduações em João Pessoa, Campina Grande e Maceió, além da plataforma Administradores Premium.



Redação

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