A sede da Federação Paraibana de Futebol iniciou a semana ainda de forma agitada. Depois que o vice-presidente Nosman Barreiro tentou assumir a entidade através de um ato administrativo, o presidente Amadeu Rodrigues retornou às pressas ao Brasil e nesta segunda-feira realizou uma assembleia com a presença de vários dirigentes de clubes. Ao lado de familiares e aliados, Amadeu rebateu as acusações do seu vice, repudiou a invasão da entidade ocorrida na última quinta-feira e prometeu banir Nosman Barreiro do futebol a partir de uma ação que deve ser movida no Conselho de Ética da CBF.
Segundo Amadeu, a atitude de Nosman Barreiro foi irresponsável:
– Fui surpreendido com essa ação violenta. Nosman chegou à Federação, ameaçou demitir os funcionários e desfiliar clubes – denunciou. Depois, ele garantiu que tudo o que fez foi dentro da legalidade:
– A ata de posse consta o nome dele como vice-presidente. Eu já passei a presidência para ele em outras ocasiões. Mas diante da perda da confiança, parei de fazer isso. No cargo, ele poderia fazer muito pior do que a invasão de quinta-feira, então optei por passar uma procuração indicando Marcos Souto Maior Filho (diretor jurídico da entidade) para responder pela entidade em minha ausência. É um ato constitucional. Está no estatuto – contou Amadeu.
Ainda na assembleia, Amadeu reiterou que conta com o apoio da maioria dos clubes profissionais e amadores do Estado, além de reforçar que as assinaturas apresentadas por Nosman Barreiro no dia da invasão são ilegítimas.
– Eu tenho o apoio dos dirigentes dos clubes, então não tem como Nosman chegar aqui com quatro assinaturas de instituições e simplesmente ser empossado. Aliás, quatro não, três. O presidente da Liga Desportiva de Itaporanga entrou em contato comigo, emitiu uma nota e afirmou que não esteve presente na FPF na última quinta-feira e que ninguém pode assinar em nome dele – disse.
Caso segue na esfera desportiva
Quem também falou foi o diretor jurídico da FPF, Marcos Souto Maior Filho. Ele contou que a entidade não vai tomar providências na justiça comum e que o caso será enviado para a CBF, a quem caberá julgar as atitudes do vice-presidente da entidade.
– A Federação Paraibana não vai judicializar absolutamente nada. Nós comunicamos os fatos a CBF, jutamos as provas do acontecido e deixamos nas mãos do Conselho de Ética da Confederação, que deve tomar as providências cabíveis. Por causa de sua atidade, o calendário do futebol paraibano foi afetado, fora a invasão, fora o ato de racismo e de intolerância religiosa – afirmou Souto Maior Filho.
Entenda o caso
Tudo começou por volta das 16h dessa quinta-feira. O vice-presidente Nosman Barreiro chegou à entidade acompanhado de seu advogado e de alguns aliados, dizendo que iria tomar posse como novo presidente da FPF. A confusão, como não poderia ser diferente, foi generalizada. E os aliados do presidente Amadeu Rodrigues reagiram.
De acordo com Nosman Barreiro, o presidente deveria ter lhe passado o cargo quando viajou para a França, para onde foi como chefe da delegação da CBF no Torneio de Toulon, disputado pela Seleção Sub-20. Como isso não aconteceu, a entidade teria ficado acéfala, de forma que ele poderia requerer o cargo que tinha ficado vago.
Amadeu, obviamente, discorda de seu vice. Diz que tudo não passa de mais uma tentativa de seu ex-aliado de assumir o poder à força e que tinha deixado com o seu diretor jurídico, Marcos Souto Maior Filho, uma procuração que lhe transmitia provisoriamente o cargo de presidente. Ele diz que está voltando imediatamente à Paraíba para reassumir o seu cargo.
Amadeu Rodrigues e Nosman Barreiro foram eleitos presidente e vice-presidnete da FPF respectivamente em 12 de dezembro de 2014, com 52,85% dos votos, em uma chapa apoiada pela ex-presidente Rosilene Gomes, que tinha sido afastada do cargo meses antes. Eles tomaram posse em 2 de janeiro do ano seguinte.
Entretanto, Nosman conta que quatro meses depois os dois romperam relações e, por isso, ele se manteve afastado da entidade. A relação de ambos não era boa há muito tempo. Mas ambos estão em guerra declarada desde o mês passado, quando Nosman entrou com uma ação judicial pedindo o afastamento de Amadeu Rodrigues do cargo de presidente, almejando com isso assumir o cargo em seu lugar.