A procuradoria incluiu nos autos a triangulação do repasse de 500.000 reais, que foi feito via caixa 1. Pelos extratos da prestação de contas, o valor caiu na conta de Temer tendo como doador a OAS SA, em 11 de setembro de 2014. No mesmo dia, a soma foi transferida para o diretório estadual do PMDB do Rio Grande do Norte — naquele ano, Alves que já foi presidente da Câmara e deputado por onze mandatos disputou o governo, mas perdeu.
Alves foi preso sob suspeita de receber pelo menos 7,5 milhões de reais de propina para favorecer empreiteiras, entre elas a OAS e Odebrecht. Uma das obras investigadas seria a da Arena das Dunas, que foi erguida para sediar jogos da Copa do Mundo em 2014.
No mesmo pedido, a procuradoria diz que, mesmo depois de ter renunciado ao cargo de ministro do Turismo, Alves continua a “exercer intensa atividade política em âmbito nacional”. Como argumento, o MPF citou viagens “constantes” com “periodicidade semanal” de Natal a Brasília de junho de 2016 a abril de 2017.
“O quadro se mostra mais preocupante se considerado que, exatamente em 2016, até os dias de hoje, o partido político de Henrique Eduardo Lyra Alves, o PMDB, assumiu a Presidência da República, (…). O vice-presidente Michel Temer, correligionário de Eduardo Henrique Lyra Alves, assumiu o poder, sendo concretamente provável que o ora investigado se dirija a Brasília exatamente para com ele estabelecer articulações da mais diversa ordem”, escreveu o procurador Rodrigo Telles de Souza.
Alves também foi ministro do Turismo no governo Dilma Rousseff e chegou a ser mantido por Temer no posto no período de afastamento provisório do impeachment. Pediu demissão depois de ser sido citado na delação do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, cujo trecho também foi anexado ao pedido de prisão.
Procurada, a assessoria do Planalto informou que quem daria um posicionamento seria o diretório nacional do PMDB. A reportagem tentou contatar o partido, que não foi localizado. O mesmo ocorreu com a defesa do ex-ministro.