Cidades

VISANDO CAMPANHA DE 2018, PARTIDOS PROCURAM ‘CANDIDATOS FAKES’ NA PARAÍBA



Traduzindo para o português, fake significa falso. Na linguagem dos internautas, fake é uma postagem mentirosa. De olhos voltados para as 36 cadeiras da Assembleia Legislativa e para os 12 assentos que a Paraíba tem direito na Câmara Federal, os diretórios estaduais dos partidos políticos estão articulando suas estratégias para as eleições de 2018.

Os dirigentes partidários dizem que estão abrindo espaços para novas lideranças, em busca de novos quadros, o que não corresponde à  verdade, uma vez que, no momento em que se inicia o processo político, os dirigentes apostam em nomes alheios à política tradicional e tentam atrair muitos ‘iludidos’, com a promessa de candidaturas com chances de vitória na disputa do processo eleitoral.

Vez por outra, esta velha prática dá certo. Ela já foi usada na Paraíba e contemplou candidatos que ingressaram na disputa apenas para preencher as vagas. Foi assim com Walter Brito Neto (PFL), que teve votação insignificante para deputado federal numa coligação com o PSDB e foi contemplado pela renúncia do então tucano Ronaldo Cunha Lima, já falecido. Foi assim com o Major Fábio (DEM), que também teve votação inexpressiva e assumiu porque Walter Brito foi cassado por infidelidade partidária.  Foi assim novamente com o Major Fábio, quando, suplente com votação inexpressiva, assumiu em 2 de janeiro de 2013, em virtude da renúncia de Romero Rodrigues (PSDB),  que assumiu a Prefeitura de Campina Grande. Foi assim com o atual deputado André Amaral (PMDB), que, com uma votação pífia como Walter Brito e Major Fábio, assumiu este ano em virtude da renúncia de Manoel Júnior (PMDB) para ser vice-prefeito da Capital.

“Não é plano perene”, diz Machado  

Muitas vezes, os partidos estão em busca de apoio do eleitorado e também cumprindo as metas estabelecidas pela legislação eleitoral. Por isso, jovens, mulheres, esportistas, religiosos, entre outros são convidados à filiação com projetos que, na maioria dos casos, terminam fracassados.

A prática não é novidade e muitos dos que são convencidos a se filiar a um partido para disputar um mandato, se apóiam no desejo de mudança que a população tem buscado, principalmente diante da crise política que tem afetado o país e reduzido a credibilidade de velhos políticos.

A estratégia visa conquistar um número grande de filiados que no final das contas resulta no aumento de apoiadores com votos suficientes para o sucesso dos políticos mais antigos, que quase sempre recebem o apoio massivo da legenda a qual pertence. Os diretórios também estimulam a adesão de autoridades de setores atuante na sociedade civil, que são apresentados como apostas para possíveis candidaturas.

O cientista político Fábio Machado acredita que a ação vinda dos partidos é circunstancial, além de um plano voltado meramente para uma estratégia eleitoral. “Uma atividade momentânea eleitoreira. Não é um plano perene. A gente sabe que as agremiações não fazem esse esforço todo o tempo”, disse o especialista.

Do ponto de vista do cidadão – aquele que vai com a ilusão de vencer a disputa – Fábio Machado acredita que o que falta às pessoas é um cenário de agentes e instituições que possam realizar ações que tragam formação política. “E não apenas promessas”. Mesmo assim, ele entende que a formação política, além de importante, é algo que demanda um tempo. Explicou que não é algo que se realiza em poucos meses, pois depende de várias ações, nas quais os partidos políticos poderiam por em prática. Mas também, Machado acredita que caberia uma iniciativa e discernimento das pessoas no sentido de procurarem essa formação para criar chance de sucesso durante a disputa.

Atenção à história das agremiações

Segundo Fábio Machado, “quando você vai buscar um partido, não pode ter só uma visão instrumental daquilo: vou ser político e resolver a minha vida. Se a pessoa pensa desta maneira, é provável que não der certo”, destacou o especialista.

Ele também sugeriu que os novos pretensos candidatos precisam estar atentos quanto à história da sua agremiação, fundação, estatuto, carta programa, alinhamento com proposta, entre outras coisas. “Quem se dispõe a se filiar a um partido, seja nas eleições ou não, no mínimo ele tem que saber sobre a legenda e quem são as lideranças. Para que não ocorra ilusão é preciso conhecimento e debate para uma boa formação. Assim, ninguém vai estar envolvido com promessas falsas”, revelou.

Normalmente, o lançamento de uma campanha de filiação de novos nomes que podem vir a se candidatar é, sobretudo, para cumprir metas da legislação eleitoral. Mas, no final das contas apenas um pequeno grupo tem chance de se eleger, pois recebem o apoio massivo da legenda e concentram as doações de campanha.

Muitos presidentes de partidos paraibanos têm aproveitado da forma como podem em busca de eleitores e líderes nos municípios. A ação é eficiente para garantir votos também aos dirigentes.

“As reuniões com os diretórios municipais e o apelo para atrair filiados contribui para somar apoio”, disse o presidente estadual do Podemos, Janduhy Carneiro.

O parlamentar acredita totalmente na estratégia. Janduhy Carneiro tem se esforçado junto ao diretório em busca de filiados e consequentemente de eleitores, durante as visitas que tem feito. “Vamos à busca de pessoas que queiram ingressar no partido. Assim aumentamos a estrutura e fica melhor para disputar o pleito. Temos buscado expandir em diversas áreas. É assim que temos agido”, explicou o presidente do Podemos.

As apostas em torno de nomes alheios ao cotidiano da política também tem incentivado a filiação e formação para as candidaturas de possíveis lideranças religiosas, sindicalistas, comunicadores e até artistas.

Crise política afeta interesses

As articulações dos diretórios para atrair filiados tem foco diferenciado por parte de alguns dirigentes. Diante da crise política que afeta interesses, muitos têm se preocupado em ‘construir’ nomes que contribuam para a credibilidade dos partidos e políticos.

Presidente do PSL, Tião Gomes garante que o foco tem sido investir em formar lideranças. “O momento em que o país está passando traz a necessidade de novos incrementos. Nós estamos ficando velhos na política. Hoje, você observa que são poucos os jovens que querem ingressar, pois eles qualificam a política como um ato selvagem e principalmente sujo”, explicou o deputado.

JOrnal Correio



Redação

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